Carta de julho, 2015

Pére Jacinto Farias

CARÍSSIMOS CASAIS,

Nas cartas anteriores que vos tenho dirigido tenho mantido como tema de fundo nestes anos a insistência em dois pontos concretos de esforço da metodologia espiritual do nosso Movimento, a saber, o dever de se sentar e a oração conjugal. Espero que estes dois pontos já estejam interiorizados por todos vós e que os tenhais posto em prática, porque, na verdade, são de uma importância capital para o vosso crescimento, como casais e para o vosso crescimento integrados na equipa, pois a equipa é uma comunidade cuja vida espiritual e humana cresce em relação directamente proporcional ao empenho de cada casal em ser fiel à metodologia de santidade que é própria do carisma do nosso Movimento na Igreja. Nas actuais condições históricas da humanidade e da Igreja, em contexto da celebração do sínodo extraordinário sobre a família e a nova evangelização, o contributo do nosso Movimento é essencial e a Igreja muito espera de nós, para que seja verdadeiramente fermento e sinal eficaz de esperança para o mundo, de uma esperança que seja verdadeiramente concreta, vivida.

Hoje gostava de chamar a vossa atenção para a importância da oração pessoal ou individual. A oração pessoal é a verdadeira respiração da alma. O P. Caffarel deu-nos o exemplo, pois ele próprio dedicava largo espaço do seu tempo diário à oração e tinha o hábito de dedicar três meses do ano à meditação e à oração, porque sabia que se não fosse bem sustentada na oração a sua vida espiritual e apostólica ficaria gravemente comprometida. Jesus diz-nos para orarmos sem cessar; e a liturgia convida-nos também a mantermos o nosso coração em Deus, na aclamação do prefácio em todas as eucaristias: Sursum corda! Habemus ad Dominum, aclamava-se em latim, que as diversas traduções aplicam depois nas linguagens de cada povo.

Segundo Tertuliano [ 160-220 ], o cristão devia rezar o Pai-nosso pelo menos três vezes por dia: de manhã, ao meio-dia e à noite. Santa Teresinha do Menino Jesus ficava tão emocionada que não era capaz de passar da aclamação: Pai-nosso! Será que também nós já penetrámos na profundidade que significa ter a possibilidade de nos dirigirmos a Deus aclamando-o como Pai, na mesma vibração de alma de Jesus, que nos introduziu nesta intimidade trinitária?

Por isso, nesta minha carta exorto cada um de vós a cultivar o espirito de oração, programando algum do seu tempo diário para estar num diálogo de intimidade da vossa alma com Deus. Às vezes as pessoas lamentam-se porque não são atendidas. Santo Agostinho tinha uma explicação muito interessante: não somos atendidos ou porque somos maus ou porque pedimos coisas más ou porque pedimos mal. Na escola de Jesus limitemo-nos a pedir não nos deixeis cair na tentação, mas livrai-nos do mal, do maligno (Mt 6,13). No fundo, devemos pedir a Deus que nos livre do pecado, o único mal que nos pode acontecer. De resto, peçamos a Deus que se realize sempre a sua vontade, porque nunca sabemos se é melhor para nós a saúde ou a doença, a vida ou a morte. Deixemos ao Senhor a decisão e peçamos-Lhe a graça de ver em tudo um sinal da sua visita à nossa casa!

Imploro para todos vós a abundância das bênçãos de Deus neste tempo de graça da proximidade do sínodo sobre a família, fermento de esperança e de paz. Saúdo pessoalmente todos vós com muita amizade de coração.

P. José Jacinto Ferreira de Farias, scj
Conselheiro Espiritual da ERI


ENS, PRESENÇA FECUNDA NA AMÉRICA

Por Graça e Roberto ROCHA : Casal da Zona América