Escrevo esta página no meio da dor, tristeza e incerteza sobre o conflito russo-ucraniano e com o convite quaresmal do Papa Francisco para não nos cansarmos de fazer o bem. Não é fácil manter a serenidade e a calma no tumulto de circunstâncias tão complexas. Não se trata de quem tem mais ou menos motivos para escalar um conflito, mas como é possível que, neste ponto da história humana, ainda sejamos tão insensíveis e estúpidos.
Nos últimos dois anos temos sofrido uma pandemia inesperada; vimos muitas pessoas que conhecemos infectadas com maior ou menor gravidade, choramos por aqueles que morreram e, mesmo assim, ainda não conseguimos trazer a paz.
A Quaresma, que nos chama a interiorizar o chamado à conversão, a uma mudança de mente, coração e espírito, pode nos ajudar a compreender nosso papel como crentes em Cristo e filhos da Igreja. Devemos ser sinais e instrumentos de unidade e salvação humana, e devemos nos reconhecer em nossa fraqueza como a presença do Deus misericordioso que convoca, chama e atrai seus filhos para a fraternidade universal.
Somos, dentro da Igreja, membros das Equipes de Nossa Senhora e em cada uma de nossas atividades como membros de equipe, cada elemento de nossa pedagogia e da missão que nos acompanha, devemos mostrar este caminho de espiritualidade, de unidade e do desejo de santidade.
Nossas reuniões ordinárias, que nos reúnem mês após mês como uma pequena célula eclesial, devem ser verdadeiras celebrações da vida da Igreja. Reunimo-nos em nome do Senhor Jesus Cristo; compartilhamos o alimento material e o alimento que alimenta nosso espírito; oramos juntos e partilhamos com nossos irmãos e irmãs nossas preocupações, nossas realizações, nossos progressos e nossas fraquezas, e permitimos que a Palavra ilumine o caminho que percorremos. Além disso, nos permitimos ser acompanhados no crescimento da fé e no conhecimento da vida e doutrina cristã, e oferecemos a nossos irmãos e irmãs o que a graça de Deus nos proporciona. Recebemos e damos, pedimos e partilhamos, louvamos, abençoamos e agradecemos. Uma verdadeira celebração cristã que une por algumas horas um grupo de crentes que anseiam responder ao Senhor em seu chamado para ser santos.
A Quaresma e a reunião de equipe, realidades que trazemos à nossa reflexão nestes dias, devem tornar-se uma contribuição para a viagem rumo à Páscoa que em breve celebraremos. Há a dor, há o sofrimento, há a cruz. Mas, estamos caminhando para a luz da Ressurreição e estamos cheios de esperança diante do amor de Deus manifestado em seu Filho Jesus, o Cristo.
Que possamos nos tornar cada vez mais conscientes do significado de sermos seguidores alegres daquele que assumiu a cruz e que possamos experimentar em cada um de nossos encontros o sentido profundo de nos tornarmos comunidades vivas de fé, esperança e amor. Caminhamos em direção à santidade em meio às realidades palpáveis que nos cercam e o fazemos com nossos irmãos e irmãs na fé e na pertença. Deus o abençoe.
Ricardo Londoño Domínguez,
Conselheiro espiritual
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