Muito queridos casais e conselheiros equipistas:
Há 50 anos, o inesquecível e santo Paulo VI publicou a Encíclica Humanae Vitae, que, sem dúvida alguma, constitui um marco na história da Igreja, e assim será reconhecida no futuro, na história da humanidade. É um texto que apresenta a beleza do amor conjugal e o valor e a grandeza da vida humana. Apareceu num momento em que a tecnologia e o materialismo fortaleceram a ruptura entre sexualidade e amor e entre sexualidade e vida.
Foi a sua última encíclica, embora ainda lhe restasse um pouco mais de dez anos de pontificado. Esta encíclica gerou grandes controvérsias no mundo e rebeliões dentro da Igreja. A sua mensagem não foi compreendida e os meios de comunicação reduziram-na à proibição do controlo artificial da natalidade. A intenção era valorizar a vida, o amor, o matrimónio, os filhos como dons do Pai que convidam o homem a reflectir a imagem de Deus e a tornar-se semelhante a Ele.
Paulo VI alertava para as consequências nefastas para a humanidade se se aceitasse o caminho fácil de uma visão parcial destas realidades. A encíclica serviu também para compreender muitos vazios eclesiais nos campos da antropologia, da sexualidade, do matrimónio. E, logicamente, alargou-se o fosso entre moral cristã e sociedade.
Vejamos alguns parágrafos deste texto profético :
«O problema da natalidade, como de resto qualquer outro problema que diga respeito à vida humana, deve ser considerado numa perspectiva que transcenda as vistas parciais – sejam elas de ordem biológica, psicológica, demográfica ou sociológica – à luz da visão integral do homem e da sua vocação, não só natural e terrena, mas também sobrenatural e eterna (nº 7).
O amor conjugal exprime a sua verdadeira natureza e nobreza, quando se considera na sua fonte suprema, Deus que é Amor […] O matrimónio não é, portanto, fruto do acaso ou produto de forças naturais inconscientes: é uma instituição sapiente do Criador, para realizar na humanidade o seu desígnio de amor (nº 8).
Não é preciso ter muita experiência para conhecer a fraqueza humana e para compreender que os homens – os jovens especialmente, tão vulneráveis neste ponto – precisam de estímulo para serem fiéis à lei moral e não se lhes deve proporcionar qualquer meio fácil para eles eludirem a sua observância. […] Pense-se ainda seriamente na arma perigosa que se viria a pôr nas mãos de autoridades públicas, pouco preocupadas com exigências morais […] (nº 17).
[…] Mas, com o nosso predecessor João XXIII, repetimos: “Estas dificuldades não se podem vencer recorrendo a métodos e meios que são indignos do homem”» (nº 23).Quero, nesta comunicação aos meus irmãos equipistas, prestar homenagem a quem tanto sofreu pela sua incondicional defesa da vida humana e do seu ambiente, e convidá-los a aprofundar a profecia que se encontra no texto. Dentro de poucos dias, viveremos na Igreja a desejada canonização do amado Paulo VI. Quero deixar uma cordial memória de um Pontífice que amou profundamente a Igreja e a humanidade, que sofreu imenso por este motivo e quis sempre ser um fiel discípulo do Senhor Jesus.
Nas suas confidências e em diálogos com amigos íntimos (há belos testemunhos na obra de Jean Guitton), na sua oração e nas suas mensagens, mostrou sempre a serenidade e a humildade de quem conhecia a sua responsabilidade e o seu desejo de fidelidade e corria o risco da perda de prestígio. Paulo VI não escondeu o seu sofrimento.
Para nós, membros das Equipas de Nossa Senhora, Paulo VI deve ser sempre alguém a ter em conta. Que ele interceda por nós.
O meu abraço fraterno,
P. Ricardo Londoño Domínguez,
Conselheiro da ERI
→ Ler a Carta da l’ERI
Par Paul & Helena McCloskey